Ontem, mesmo antes de adormecer, acendeu-se aqui uma luzinha e eu percebi umas coisas.
Desde sempre que pôr por escrito aquilo que sinto, não é o meu forte, nem o que sinto nem o que quer que seja, que o digam as minhas professoras de português que tinham de corrigir as minhas composições. Com o tempo a coisa foi melhorando e agora quando estou inspirada até já escrevo umas coisinhas, mas sentimentos, emoções e afins, nem a falar quanto mais a escrever…
No meu curso, na minha escola, quando estou em estágio tenho de escrever uns textinhos muito giros, intitulados “Diários de Aprendizagem” , em que temos de descrever uma situação vivida em estágio, escrever o sentimos durantes e após a mesma e depois complementar com fundamentação teorica. Ora, só o nome já desmotiva, porque apesar de não terem de ser feitos mesmo todos os dias, obriga-nos a “aprender” (leia-se trabalhar e pesquisar) todos os dias. Aqui acendeu a primeira luz: eu não gosto de os fazer, porque não tenho jeito, expressar-me por escrito nunca foi comigo!!
Até aqui tudo bem, a luz não foi muito forte, só que depois disto lembrei-me de um acontecimento da minha adolescência: “dá-me um beijo”, uma frase normal, porém no contexto em que foi dita marcou. Porque raio é que ele tinha que ter dito aquilo?? Porque é que não deu o beijo simplesmente? Enfim, ele não sabia deste meu medo das palavras. Não sabia ele, nem eu, agora é que tomei consciência dele.
Algumas coisas quando são postas em palavras (escritas ou faladas) assustam-me, porque quando isso acontece aquilo que estou a pensar ganha forma, torna-se realidade… Está bem, uma pessoa normal diria que isso é bom, mas eu sou complicada e tenho medo de me magoar se algumas se tornarem realidade, o que é que querem?!
3 comentários:
Medo das palavras ?
Nunca tinha pensado nisto ... nestes termos. Às vezes divago bastante, fujo ao tema, e o devaneio das linhas iniciais acaba transformando-se noutra coisa qualquer, ganha vida, vida própria... e assim nasce uma história.
As palavras são... algo de delicioso. Podem ser alegres, tristes, podem concretizar desejos, disfarçar lágrimas... podem até valer mais que mil imagens...
Porque as imagens, pela força que têm... muitas vezes tiram-nos a possibilidade de imaginar outra coisa qualquer. A imagem está lá, e pronto. As palavras não... as palavras abrem a porta à imaginação, descrevem o cenário que cada um quiser pintar, nas cores que preferir, simulando o aconchego da lareira ou a brisa dos montes cobertos de neve.
O entremares surgiu assim, numa daquelas noites de insónia...
E o " Sotão de Ideias " ? Como surgiu ? Não foi para concretizar também uma intenção ?
Então ... que se cumpram as palavras ... e o resto... virá por acréscimo.
( Desculpa este testamento, mas olhei para o post e pareceu-me que precisavas de ler isto )
Obrigado Entremares, acho que sim, estava mesmo a precisar... Quando escrevi isto nem me lembrei o quanto gosto de ler, por isso mesmo que escreveste, porque as palavras me permitem viajar até onde quero e interpretar o "mundo" à minha maneira.
Este post só reflecte um dos lados do prisma e no fundo o titulo devia ser antes medo de viver, o que é mau, eu sei, mas pronto ao menos como tenho noção disso estou sempre a contrariar este meu medo =P
p.s: o Sotão de Ideias surgiu como forma de guardar algumas ideias que se ficassem só para mim ou me iam magoar ou não tinham graça ;)
:O Como ousas não adorar os sempre tão úteis Diários de Aprendizagem?!
Vergonha na cara, minha menina!
Enviar um comentário