quinta-feira, 8 de abril de 2010

O melhor que se pode fazer nas férias (cont.)

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Já a porta de casa da Bia combinaram encontrarem-se a seguir ao jantar, afinal estavam de férias não havia muito que fazer. E foi assim toda a semana, depois do almoço passavam a tarde na praia e depois do jantar, as horas eram passadas a ver as estrelas ou a andar de bicicleta aproveitar o calor das noites de verão. Não passavam um dia sem o outro e quando algum deles se atrasava para o que tinham combinado, havia qualquer coisa que os deixava inquietos, não sabiam bem o quê, mas só passava quando estavam juntos. Numa dessas noites, a Bia estava novamente entretida a contar-lhe sobre o livro, já o tinha acabado:

— No fim, ela ganha o concurso e os sapatos que o avô e a avó desenharam aparecem nas montras da colecção de vestidos de noiva ao lado de marcas famosas como Prada!! Já viste ela batalhou pelo sonho e consegui!
— Pois…
— Pois, o quê? Oh Filipe. não gosto nada quando fazes isso! Eu estou  falar contigo porque é que deixas de me ouvir?
— Estava só a olhar para ti, gosto do teus olhos… — Ups! Já tinha falado demais! Tinha decidido, melhor, tinha descoberto que estava apaixonado pela Bia. Porém, ainda não tinha encontrado maneira de lhe dizer, tinha de pensar em qualquer coisa, mas depois disto o que é que lhe ia dizer?
— Ah… — e sem conseguir dizer mais nada, perdeu-se também no olhar dele, que estava cada vez mais perto e reparava agora também nos seus lábios perfeitos e… Quentes… E… Macios… Espera lá! Estavam a beijar-se?! Estavam, agora não estavam mais, porque segundos depois de se terem apercebido já a magia se tinha perdido e dado lugar ao constrangimento.
— Haa… Bem até amanha, sabes eu tenho de…
— Pois, eu também. Até amanha, Filipe. — Acrescentou rapidamente Bia.

O caminho de casa da Bia até a sua, parecia interminável e aquele “bichinho” na sua cabeça não o estava a ajudar. Agora sabia que não era um bichinho, era a paixão que sentia por Bia, que lhe confundia os pensamentos. O que é que ia fazer agora? De certeza que ela não ia conseguir olhar outra vez para ele. Pior! Não conseguia perceber se o beijo tinha sido retribuído, ou se era apenas a imaginação dele que lhe dizia que sim. Estava a dar em doido! Amanhã tinha de pensar em qualquer coisa, porque hoje não conseguia.

Quem também não estava a conseguir pensar era a Bia, estava furiosa, mas não sabia bem porquê, nem com quem. A principal suspeita era ela própria, está claro. Era por ela ser tão confusa e exagerada que estava furiosa! Como é que não se tinha apercebido? Os dias todos com ele, aliás a vida toda com ele, sempre lindo, amigo, compreensivo, divertido… Ai estava apaixonada!! Tinha-o beijado!! Ou será que tinha sido ele a beija-la? Ai o que é que ia fazer? Amanhã não ia conseguir olhar para ele de tão envergonhada que estava.

Os minutos passaram todos lentamente durante a noite e o sono teimou em não apareceu. Quando o sol apareceu no horizonte Bia decidiu que não podia fazer nada. Afinal, ela era menina e não tinha coragem para aquelas coisas, mais eles eram amigos e aquela era uma amizade que ela não queria perder. Por isso, estava decidido, o remédio era continuar como se nada tivesse acontecido e ao mesmo tempo tentar perceber se ele também sentia alguma coisa. Aquela decisão resultou num soporífero milagroso, porque segundos depois Bia já repousava num leve sono.

Infeliz ou felizmente, Filipe não teve tanta sorte, nem uma ideia luminosa lhe devolveu o sono, tal foi a confusão que lhe passou pela alma durante toda a noite. Depois de tantas voltas na cama, por volta das oito da manhã, já estava na sala a olhar para a televisão, sem ver nem ouvir o que lá passava.

— Já não aguento mais tenho de fazer alguma coisa!

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