sexta-feira, 9 de abril de 2010

Uma Doce Recordação

Uma doce recordação

— Lembras-te? Naquele dia estávamos os dois sem saber o que fazer. Vá, quer dizer, tu sabias o que querias fazer, só não sabias bem como — relembrou a Bia com uma pequena gargalhada.
— Pois, mas tu também não ajudaste nada, fugiste para a praia, tive de andar à tua procura.
— Oh, porque eu já desconfiava que ias ir lá a casa e ainda não sabia muito bem o que te dizer, nem como olhar para ti… Estava tão envergonhada, eu tinha-te beija…
— Eu tinha-te beijado — Disseram em simultâneo, o que fez com que ambos se rissem.
— Tu é que me beijaste? Não fui eu? — Disseram novamente ao mesmo tempo.
— Se tu soubesses o quanto me tinha dado jeito, se eu tivesse percebido que também me tinhas beijado… Quer dizer eu percebi, mas na altura estava tão nervoso que pensei que tinha sido imaginação minha!  — Continuou Filipe, depois de uma nova gargalhada de felicidade.
— Ohh… E eu no meio daquela ansiedade toda, também já não sabia se tinha sido eu ou tu e fiquei tão envergonhada só de pensar que te tinha beijado… Nunca tinha beijado ninguém… — Acrescentou baixinho ao mesmo tempo que os seus olhos fugiam em direcção ao mar.

Os dias de sol tinham regressado, depois das chuvas que teimavam em persistir neste início de Primavera. Pelos vistos, Março tinha trocado com o Abril e este ano seria Março águas mil. No entanto, meteorologia não era um tema de conversa que interessasse a Bia e Filipe. Naquele dia estavam perdidos nas recordações de como tudo tinha começado.

— Estavas tão quietinha sentada lá em cima na falésia, a ver o mar. Pareceu-me que naquele momento o mundo tinha parado… — Até as gaivotas pareciam paradas no ar, maravilhadas a observar o espectáculo lá em baixo no rochedo, que delimita as planícies de campos de cultivo, que se estendem ao longo da costa. — Estive ali a olhar para ti, até que te apercebeste da minha presença e olhaste para mim com esses teu olhos sorridentes. Acho que me apaixonei por ti outra vez, naquele instante e ao mesmo tempo pensei: Bolas! Lá se vai a surpresa, agora já viu o girassol!
És tão tontinho! — Riram os dois — Eu nem reparei no girassol! Só quando mo deste mesmo, claro. Já me tinhas dado muitas flores, quando éramos pequenos estavas sempre a apanhar e a dar-me, mas esta foi especial!
— Já te disse porque te dei um girassol e não outra flor qualquer? — Perguntou Filipe com um ar matreiro, de quem estavas prestes a partilhar um segredo proibido.
— Hmm… parece-me que não. Também nunca tinha pensado nisso, mas diz lá.
— Queria dar-te a maior flor de todas para representar o tamanho daquilo que sentia por ti… Além disso, o girassol tem uma característica que eu gosto muito e que também tenho, gira para estar sempre de frente para o sol… E o meu mundo também gira todo à tua volta… És o meu Sol!
— Ohh…
— Na altura nem me lembrei de te explicar. Só tinha uma frase em mente e tinha de a dizer logo, antes que perde-se a coragem: Queres namorar comigo?

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