quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um amor em tempo de guerra

“Querida Amélia,

Escrevo-te a ti primeiro porque sei que és forte e podes apoiar a minha mãe quando ela souber da notícia. Fui mobilizado para uma Missão ultramarina, foi assim que o meu sargento me disse, espero não ter trocado as palavras. O meu próximo destino é Angola. Parto daqui a dois meses. Agora posso ir a casa para me despedir e depois tenho guia de marcha para Lisboa parar formar batalhão e depois embarcar em África. Os meus colegas dizem que se vai de barco. Nunca andei de barco.

Eu sei que por esta altura o teu coração já deve estar a chorar, mas não vale a pena, nós já sabíamos que isto ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Vou cumprir a minha missão e defender a pátria. O meu pai e avô ficariam orgulhosos.

Eu sei que é pedir muito, mas eu volto…esperas por mim? Nesta altura é a única coisa que me importa. não quero pensar na guerra. Só quero saber se posso ir contigo no coração.

Espero estar aí daqui a menos de um mês. Nessa altura vou dizer à minha mãe que, sei, vai ficar destroçada.

Não sei que escrever mais, sabes que nunca fui muito bom com as palavras.

Do teu

António

27 de Fevereiro de 1968, Póvoa do Varzim”

in Um Amor em Tempo de Guerra,
de Júlio Magalhães

Eu sei que diz ali do lado que ainda o estou a ler, mas a verdade é que já o acabei há uma semana. Este é daqueles livros que nos prendem e que me deixava angustiada sempre o que parava de ler tanto era o meu envolvimento na enredo.

Aconselho! É uma historia que nós faz perceber um bocadinho daquilo que as famílias portuguesas passaram na guerra colonial.

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