quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A minha mão na tua (cont.)

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O destino foi o mesmo de sempre, de quando o tempo era pouco e a vontade de estarem juntos era muito: a praia.  Os pés levaram-nos lá sem se aperceberam, se não quando lá chegaram. O sorriso foi impossível de conter, era sempre assim, quando davam por ela já estavam a passear de mão dada à beira mar.

— Já viste onde viemos parar?
— Pois é… Acho que este lugar tem qualquer coisa de especial, para vimos sempre aqui ter… — responde sonhador o Filipe.
— Mas hoje não estamos sozinhos. Olha ali…—

Ao longe um casal, com rugas a emoldurarem-lhes o rosto e a adornar as mãos, passeavam com um olhar sereno sobre o percurso. No entanto era difícil perceber, se a serenidade era relativamente ao caminho já percorrido ou àquele que tinham ainda para frente. Porém, uma coisa era certa, uma coisa era impossível não lhes invejar, a sua irradiante felicidade.

— Que giro, já viste como parece que só por se dar as mãos dadas, tudo é possível… tudo é mais fácil. Aposto que eles já passaram por muito, mas olhando ninguém dá por nada, parece mesmo que a vida é fácil de se viver e… — Bia falava quase sem respirar, como se tivesse medo de não conseguir contar tudo aquilo que estava a pensar.
— Já tinha reparado, sim, Beatriz… — normalmente tratava-a por Bia, mas quando as palavras lhe saiam do coração, quando queria que ele ouvisse também com o coração, chamava-a ternamente assim — todas as vezes que tenho a minha mão na tua.
— Oh… — corou, e a sua voz morreu e os seus pensamentos transformaram-se em memórias. Realmente, tinha sido sempre assim, desde pequenos, quando estavam de mãos dadas, o tempo voava, nada era impossível…
— Bia…?
— Sim? Ah! Esqueci-me outra vez de responder não foi? Desculpa, lembrei-me de tanta coisa… Promete-me uma coisa. Enquanto gostares de mim, levas sempre a minha mão na tua? Mesmo quando… Mesmo se tivermos filhos… Não te vais esquecer de me dar a mão?
— Para ser como nos romances, para termos sempre os nossos corações ligados, para sermos um só…
— Opá! Lá estas tu a gozar comigo, para! Eu estava a falar a sério!
— Anda aqui… — e a sua mão encostou-a a si — Pronto desculpa, eu percebi. Eu prometo que vou levar sempre a tua mão na minha, mesmo quando formos velhinhos, até porque assim também levas a minha mão na tua. — e piscando-lhe o olho, ficou assim selada a promessa.

 

* 1 ano e meio, a minha mão na tua :) ♥

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