terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Amigos

“Um dia a maioria de nós vão-se  separar. Sentiremos saudades de todas as conversas por a noite dentro, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos rir e momentos que partilhámos  juntos. Saudades até dos momentos de lágrimas, de angústia, de vésperas dos finais de semana, de finais do ano, enfim... do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho  tanta certeza.

Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe... nas cartas  (e emails) que trocaremos.

Podemos falar ao telefone (no skype ou no messenger)  e dizer algumas tolices... Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto  tornar-se cada vez mais raro. Vamos perder-nos no tempo...

Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:
"Quem são aquelas pessoas?". Diremos...que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto! "Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!" A saudade vai ser tanta dentro do peito! Vai dar vontade de ligar, de  ouvir aquelas vozes novamente...

Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrimas abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!”

Fernando Pessoa

82543282, Ralf Nau /Stone+

Noutro dia vi um antigo colega meu do 9º ano, não o reconheci logo e não sei se ele me reconheceu. Passado algum tempo, cruzamo-nos novamente e o sentimento de que devia ao menos dizer Olá, perguntar como lhe estava a correr a vida, invadiu-me mas, deixei passar e agora fiquei sem saber. Mais tarde nesse dia, quando cheguei a casa, por coincidência, o meu pai mostrou-me este texto de Fernando Pessoa, que me fez pensar.

Há tantas pessoas que fizeram parte da minha vida, que foram meus amigos (ainda são?!) dos quais, as vezes, me lembro e penso “o que é feito do H., do M., da A. …”. Podia ligar-lhes, mandar uma mensagem, mas agora deixou de fazer sentido, não ia mudar nada, depois íamos apenas continuar a nossa vida e a dor da saudade ia continuar… Tenho pena que os dias se tenham transformado em anos, sem ter dado por isso… :s Tenho saudades vossas!

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